O momento chegou na noite de quarta-feira(22 de abril de 2005) e a
emoção tomou conta do adeus de Dorian Jorge Freire, ontem, quando mais de 300
pessoas compareceram ao velório do jornalista que se estendeu durante todo o
dia em sua residência.
Entre as pessoas que
estavam presentes se encontravam políticos, jornalistas, artistas, além de
curiosos que desejavam dar o último adeus a aquele que é considerado um dos
maiores nomes do jornalismo do Rio Grande do Norte em todos os tempos. Entre as
personalidades estava a prefeita Fafá Rosado, a deputada federal Sandra Rosado,
a deputada estadual Larissa Rosado, o pesquisador Raimundo Brito, ex-ministro
do Tribunal Superior do Trabalho, Francisco Fausto, entre outros nomes.
Dorian morreu de
falência múltipla dos órgãos às 21h50 da última quarta-feira, aos 71 anos,
deixando como viúva dona Maria Cândida Freire com quem casou em 25 de maio de
1954, além de cinco filhos: Maria da Saudade, Raíssa, Jorge Freire, Dorian
Filho e Luís Fausto.
Ele se tornou jornalista
em 1948 quando começou a trabalhar em O Mossoroense e desde então não
parou de expandir a sua carreira, chegando a trabalhar em periódicos no eixo
Rio/São Paulo, onde sofreu perseguições da Ditadura Militar nos anos 60/70.
Em 1975, retornou à
terra-natal assumindo a direção de O Mossoroense, onde ficou até 1982 quando
ingressou na imprensa natalense, trabalhando na Tribuna do Norte até se
aposentar em meados da década de 80. A partir daí contribuiu como articulista
do jornal Gazeta do Oeste até a internação que culminou com sua morte.
Entre suas principais
obras estão 'Os Dias de Domingo' e 'Veredas do Meu Caminho'.
VIDA E
FEITOS DO MESTRE DORIAN JORGE FREIRE
Com um estilo ousado,
polêmico e inconfundível de fazer notícia, Dorian Jorge Freire sempre representou
um marco no jornalismo e na literatura potiguar. O jornalista era muito
criterioso em seus escritos.
O escrevinhador foi o
sétimo diretor do jornal O Mossoroense, desde a sua fundação em 1872. Ele
assumiu o cargo no período de 1975 a 1983. O jornalista teve uma passagem
bastante significativa na imprensa potiguar. Foi colaborador dos seguintes
impressos: Última Hora, Correio Paulistano, Diário Carioca, Tribuna do Norte,
Diário de Natal, Editora Abril - revistas Escola e Saber.
Nos últimos 20 anos,
Dorian Jorge Freire escrevia uma coluna dominical homônima no caderno cultural
Expressão, do jornal Gazeta do Oeste. O seu primeiro contato com o meio
jornalístico aconteceu oficialmente aos 16 anos, onde teve como 'escola' o
jornal O Mossoroense. A partir daí, ele criou gosto e fez parte da imprensa
paulista e carioca. Em São Paulo, enfrentou a ditadura militar e lançou o
jornal alternativo de circulação nacional, Brasil Urgente. Em 1993, o
jornalista Dorian Jorge Freire alcançou o primeiro lugar no ‘Prêmio Esam de
Jornalismo’.
Durante sua vida
jornalística, o talentoso Dorian entrevistou várias personalidades do mundo
literário, da política e da cultura brasileira e internacional. Dentre eles,
estão: Aldous Huxley, autor do clássico "Admirável Mundo Novo";
Jean-Paul Sartre, Prêmio Nobel de Literatura, autor do best-seller da filosofia
"O Ser e o Nada" e dos livros "O Muro", "Com a Morte
na Alma", "Sursis" e "As Palavras". O jornalista
também teve contato com o líder cubano Fidel Castro, Elizabeth II, Craveiro
Lopes, Raymond Cartier e Greene.
ORIGEM
Dorian nasceu no dia 14
de outubro de 1933, em Mossoró. Ele era filho de Jorge Freire de Andrade e
Maria Dolores. A paixão pela leitura e escrita estava no sangue. O avô, João
Freire, era jornalista no Ceará e fundou o jornal "O Jaguaribe".
Jorge Freire de Andrade, seu pai, fundou em Mossoró revistas literárias e
participou efetivamente dos movimentos intelectuais da cidade, na época.
Dorian lançou em 1991 os
livros Veredas do Meu Caminho e Dias de Domingo. A sua terceira edição foi
publicada pela Coleção Mossoroense, através do projeto Rota Batida, da Petróleo
Brasileiro S/A (Petrobras).
A sua última aparição em
público aconteceu durante a entrega do Prêmio de Jornalismo da Petrobras onde,
mais uma vez, teve o seu nome lembrado em uma homenagem aos seus 57 anos de
jornalismo, no Teatro Municipal Dix-huit Rosado.
PRAÇA
DA REDENÇÃO TERÁ AGORA NOME DO JORNALISTA
A prefeita Fafá Rosado
assinou, no dia 22 de abril de 2005, decreto denominando a antiga Praça da
Redenção, situada entre as ruas Almeida Castro e 30 de Setembro, de Praça
Jornalista Dorian Jorge Freire.
Sobre Dorian Jorge
Freire, a prefeita Fafá Rosado destacou: "O lado inquieto e observador do
respeitável escritor e jornalista através do olhar permanente à sua
terra-natal, tornaram-se imortais em seus textos. O sentimento de paixão pela
vida e pela maneira de amar Mossoró foi o sustentáculo de sua existência",
disse.
A praça se localiza
justamente em frente à casa onde morava o jornalista até seus últimos dias.
"Dorian era um historiador, um poeta que tinha uma vida marcante. Tinha a
simbologia de morar em frente a uma praça que tem um monumento à liberdade, sem
dúvida é um nome que ficará em nossa história", concluiu.
Hoje será publicado o
decreto que denomina a antiga Praça da Redenção em Praça Jornalista Dorian
Jorge Freire.
DORIAN
FOI REFERÊNCIA À IMPRENSA POTIGUAR
De forma bastante
atuante, Dorian também foi membro da Academia Norte-rio-grandense de Letras, do
Instituto Cultural do Oeste Potiguar (Icop) e da Academia Mossoroense de
Letras, além de ter recebido várias homenagens de diversas instituições.
O seu nome é lembrado
através de uma rua do bairro Nova Betânia, do auditório da Estação das Artes
Eliseu Ventania e do Centro Acadêmico (CA) do curso de Comunicação Social da
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN).
O coordenador da
Assessoria de Imprensa do Centro Acadêmico de Comunicação Social, Franklin
Fernandes, informa sobre o luto do CA em razão do falecimento do seu patrono.
"A vida de Dorian
Jorge Freire é espelho para todos os estudantes, pela sua ética profissional,
pelas suas palavras sempre bem-vindas e pela dedicação e amor com os quais
exercia essa profissão tão magnificente", relata Franklin.
O presidente do Centro
Acadêmico Jornalista Dorian Jorge Freire, da Uern, Alessandro Oliveira, lembra
que está decretado luto oficial de cinco dias a começar por ontem.
A jornalista Lúcia Rocha
escreveu o seguinte texto sobre a vida do mestre: "Dorian nasceu em berço
literário, sendo um leitor voraz desde a infância. Ainda rapaz, começou a
escrever para jornais, assinando artigos sob o pseudônimo de Fenelon Gray. Logo
levantou vôo para a capital paulista, onde atuou como repórter, editor, diretor
e publicitário. Ali também cursou a faculdade de Direito. Na região sudeste,
Dorian tem colecionado amizade com jornalistas, poetas e escritores de renome.
Dono da biblioteca mais invejada da cidade, com mais de dez mil títulos,
começou a montá-la na infância, seguindo exemplo dos pais. Dorian morre de
saudades da capital paulista, onde passou a ditadura: não foi preso, não foi
torturado, mas fecharam-lhe as portas para o mercado de trabalho; também atuou
na imprensa natalense, mas sempre retornava para São Paulo, terra que nunca
esquecera. Com três livros publicados, Dorian escrevia semanalmente uma coluna
na Gazeta do Oeste, onde recordava os amigos e comentava os fatos do dia-a-dia
da cidade, do país e do mundo".
JORNALISTAS
FALAM DE MOMENTOS IMPORTANTES DE DORIAN JORGE FREIRE
Durante o velório de
Dorian Jorge Freire, os jornalistas da cidade falaram sobre a importância que o
jornalista teve na formação de suas carreiras e de momentos marcantes em que
ele esteve envolvido.
Bem antes de ser
homenageado pelos estudantes do curso de Comunicação Social da Universidade do
Estado do Rio Grande do Norte (UERN) emprestando o seu nome para o Centro
Acadêmico do curso, a primeira turma de jornalismo da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte (UFRN) realizou uma homenagem para o jornalista em meio a
Ditadura Militar, que tanto o perseguiu, como relata o jornalista Aluísio
Lacerda, que estava representando a governadora Wilma de Faria no velório.
"Tivemos a ousadia de homenagear Dorian em pleno regime militar, o que
causou incômodo à Reitoria da Universidade que tentou evitar que realizássemos
nosso intento", rememora.
O secretário de
Comunicação da prefeitura de Mossoró, Carlos Skarlack, conta que Dorian
participou de um dos momentos mais importantes de sua carreira. "Quando eu
estava na editoria da Gazeta do Oeste recebi um fax de Dorian, que se
recuperava de um problema de saúde, se colocando à disposição do jornal para
retomar a sua coluna. Naquele momento me senti privilegiado por receber de
volta um jornalista como ele", lembra.
Para o jornalista Carlos
Santos, Dorian o influenciou desde a sua infância. "Quando falo em Dorian
vem à minha memória um aspecto que não se limita apenas à parte profissional,
mas à minha infância como leitor da coluna 'Cota Zero' em O Mossoroense.
Portanto tenho toda uma vida vinculada a seu talento", conclui.
O chargista Túlio Ratto,
dono da revista Papangu, último meio de comunicação a entrevistar o jornalista,
falou sobre a importância de Dorian para a sua revista. "Foi um orgulho
para a revista entrevistar uma referência para a área como ele", comenta
FONTE – O MOSSOROENSE, DE 23 DE ABRIL DE 2005
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