Lauro Escossia, natural de Mossoró-RN, 14 de março de 1905 e faleceu no
dia 19 de julho de 1988. Professor,
jornalista e escitor. Considerado decano da imprensa mossoroense. Seu amor ao
jornalismo e ao Mossoroense, o levava algumas vezes a fazer o próprio jornal,
sendo repórtes, redator, gráfico, além de Direto. Antes já havia trabalhado no
jornal como repórter no mesmo periódico tendo como ponto alto em 1927 quando
foi o responsável pela cobertura da invasão do bando de Lampião a capital do
Oeste, ocasião em que ele conseguiu entrevistar o cangaceiro Jararaca antes
mesmo que o mesmo fosse interrogado pela polícia. Este é considerado um dos
maiores furos de reportagem da história da imprensa potiguar, graças a isso o
jornal, com 5.400 exemplares vendidos, atingiu a maior vendagem de sua
história.
Lauro
da Escóssia casou-se duas vezes a primeira delas com Dolora Azevedo do Couto
Escóssia com quem teve 8 filhos, após a morte dela casou com Lourdes Alves da
Escóssia adotandos seus filhos, com ela se manteve casado até a sua morte em 19
de julho de 1988. "Lauro foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida,
foi meu amigo, companheiro e marido. Tanto é que após a sua morte nunca mais
casei. Em nossa vida nunca houve cansaço nem de minha parte nem da dele. Em
minha mente está sempre a impressão de que ele está viajando, quando isso
acontece sinto muita paz", conta sua esposa Lourdes Escóssia.
Segundo
seus familiares Lauro da Escóssia era dono de um temperamento muito explosivo.
"Lauro trazia no sangue o arrebatamento e a impetuosidade de seu avô,
Jeremias. Panfletário e sem medo herdou tantos traços de identificação,
revelados nas suas ações e reações, por vezes bruscas, senão violentas, que
sempre reclamam conduta irredutível, coragem e espírito de deliberação",
assim foi descrito pelo ex-prefeito de Mossoró Raimundo Nonato em depoimento para
o livro 'Escóssia' de autoria do jornalista Cid Augusto.
Apesar
do temperamento forte Lauro da Escóssia era um homem que não guardava rancores.
"Papai estourava, mas dali a dois minutos já estava bonzinho",
revelou sua filha Margarida Escóssia.
A sua
relação com os filhos era muita aberta e pautada pelo carinho. "Papai era
um homem à frente de seu tempo absorvia muito bem as mudanças e era muito
atencioso com todos nós, a única ressalva que ele tinha com a gente era quando
a gente ia para a churrascaria O Sujeito (onde hoje se localiza o clube
Carcará), como ele nunca podia ir e mamãe sempre ia conosco ele dizia brincando
que a gente seria levado pelo rio e parar em Porto Franco (atual
Grossos)", conta Margarida.
Essa
boa relação com os filhos se repetiu com os seus netos também, a recíproca por
parte dos netos era verdadeira tanto que todos eles lhe chamavam de Vôzinho.
"Me recordo como se fosse hoje das conversas do meu avô, ele era um homem
muito centrado em si, pensava um pouco pra falar, mas suas palavras eram sempre
sábias, tinha o poder de nos dar segurança quando era abordado sobre qualquer
assunto. Lauro da Escóssia não foi só um grande jornalista, ele foi também um
grande avô e sempre encontrava hora para nós, por isso todos nós netos chamavam
ele de Vôzinho", afirma Daniele da Escóssia.
Apesar
de fazer história em Mossoró Lauro da Escóssia era um homem de hábitos simples.
"A falta de vaidade de Papai era tão grande que ele fazia questão de ter
apenas um par de sapatos. O prato preferido dele era bolo de leite, diabético,
ele pagava para a empregada comprar o bolo escondido da gente", conta
Margarida da Escóssia.
Lauro
não fazia distinção entre seus amigos tanto podia ser amigo dos mais ilustres
como dos mais simples. A prova disso é que duas de suas grandes amizades foram
o ex-governador Dix-sept Rosado (falecido em 1951) e o pedreiro Francisco
Constantino o 'Chico Boseira'. "A amizade de papai com Dix-sept era desde
os tempos de prefeitura, quando ele foi secretário, a fidelidade era tamanha que
um dia o ex-governador pouco antes de falecer pediu para papai guardar um
bilhete em segredo o que ele fez até o final da vida. Já com Chico era uma
amizade muito divertida, eles conversavam e se davam muito bem, ele brincava
muito com Chico chamando ele de poliglota porque ele fazia de um tudo era
pedreiro, encanador e eletricista", revela Margarida.
'Chico
Boseira', ainda está vivo e relembra a sua relação com o amigo. "Quando
lembro do meu amigo, vem duas coisas a minha memória: a primeira era que ele
dizia que eu era seu filho mais velho e a segunda eram as nossas conversas
sempre descontraídas ele sempre pedia para eu contar anedotas e fazer cantigas
populares. Até o meu apelido quem colocou foi Lauro, antes me chamavam de
'Chico Roseira' porque todos jardins que plantava davam certo, uma vez ele
pediu para eu fazer um para um na sua casa e as plantas morreram e ficou tudo
sujo aí ele mudou o meu apelido", diz.
O seu
grande prazer nas horas de descanso era ir ao Sítio Senegal, localizado em
Alagoinha, que levava esse nome por ser muito seco. Lá ele ia tomar conta das
cabras e galinhas que criava.
Nos
últimos dias de sua vida, Lauro da Escóssia esteve muito doente, mas não perdia
o bom humor. "Ele sempre estava de bom humor independente das doenças das
doenças que lhe atingiam", conta a viúva Lourdes
Escóssia.
FONTE – O MOSSOROENSE E RUAS E PATRONOS DE MOSSORÓ, DE RAIMUNDO SOARES
DE BRITO
Nenhum comentário:
Postar um comentário